sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Oversteer


A bela foto de Angel Guerra mostra um carrinho lindo que acabou de passar pelo apex de uma curva, já se encaminhando à sua saída. Absolutamente de lado.

Gente que gosta de dirigir adora fazer isso: botar el coche de lado e controlar o resto da trajetória mais com o pedal do acelerador do que com o volante. Bem bacana, isso.

Bacana mas absolutamente ineficiente. Carro que anda é carro que rola e não carro que escorrega.

E esse carrinho lindo derivado de um Karmann Ghia (fusca, em última análise) é sobre-esterçante por natureza por ter seu centro de rolagem muito alto. O ponto de intersecção da linha que passa pelo centro dos pneus traseiros e pelo ponto de pivotamento dos semi-eixos de cada lado fica bem acima do centro de massa. Essa é a causa do maldito efeito de levantar a traseira dos carros equipados com swing axle e "fechar" as rodas traseiras em curvas rápidas, conhecido como jacking effect.

Vale para fuscas, Brasilias, Pumas, Corvairs, alguns Mercedes, incluindo o belíssimo SL 180 Gull Wing,  alguns BMW e Porsche mais antigos.

Esse Puma da foto, provavelmente espanhol (segundo este post aqui), não apresenta jacking effect muito acentuado e foi o que me chamou a atenção. Provavelmente está usando amortecedores muito mais duros do que os originais dos VW a ar. Esse é o remédio clássico para atenuar o chato efeito de fechar as rodas e subir a traseira: endurecer muito a suspensão e evitar o roll da carroceria o mais possível.

Como curiosidade, segue o EXIF desta foto:


Vê-se que Angel Guerra, o fotógrafo, não usou o modo manual de sua Canon 30D, optando por usar um modo semi automático que prioriza a abertura. 

He he he...

Modos automáticos e semi-automáticos de fotografia são para os fracos. Mas reconheço que isso poupa preciosos segundos quando o tema é rápido, como os Pumas, que podem ser revertidos para o cuidado com a composição da foto. 

No caso desta, funcionou perfeitamente.

Mas eu faria com abertura maior (f-number menor), diminuindo um pouco o campo focal e desfocando mais o fundo, que já tem um leve motion blur.


6 comentários:

  1. O EXIF dedo-duro não perdoou o fotógrafo, Irineu...

    Mas e se o piloto, em vez de "ser eficiente" e andar rápido, estava na verdade querendo "jogar bonito", dar show para a platéia?

    Como aí não existe telemetria pra dedurar, resta-nos admirar o carro e a imagem.

    (Sorry pela analogia futebolística... :-) )

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    1. Se o cara tava querendo jogar bonito pra platéia, então não era piloto mesmo, apesar de até aparentar ter bom domínio do carro. Piloto joga bonito é pro cronômetro.

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    2. Uai?

      Drifting não "tá" na moda? Piloto bom é piloto que faz a curva de lado (e tem patrocínio bom pra gastar em pneu), rsrsrs...

      Abraço!

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    3. Médio. Piloto bom é piloto rápido e que se ajusta depressa às condições de um dado momento. Mas tem, sim, que saber andar de lado, ou melhor, conhecer profundamente o carro que está guiando e o local onde está andando.

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  2. Para diminuir a profundidade de campo focal deve-se aumentar a abertura. No caso um aumento de abertura deveria ser seguido de redução no tempo de exposição. Isso anularia o motion blur.
    Sobre andar rápido, sair de traseira assim é a forma mais eficiente de se perder tempo, sobre aquecer e gastar os pneus.

    Stênio Campos.

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    1. Poizé. Escrevi o contrário do que deveria. Arrumado o texto, já. Tks.

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